terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Uma das primeiras aulas de Dr. Junqueira

No topo de meu fim de adolescência, segundo ano da faculdade de Engenharia, era natural para mim desconfiar e mesmo duvidar de um professor que tinha uma teoria sobre como começou o nosso Sistema Solar. Soava irreal. Ele tinha me explicado, ouvi em silêncio e passei alguns dias levantando o que eu achava serem provas cabais de que a teoria estava errada. Deveriam ser dúvidas minhas mas eu achava que eram provas de que estava tudo errado.
Quando me encontrei novamente com ele, tinha a convicção de que iria provar que a teoria estava errada. Por exemplo, a probabilidade de duas estrelas quase se chocarem no Universo é muito pequena. Nunca tinha sido observado. "Imagine que o colapso gravitacional de uma nuvem de matéria leva a formação de dois núcleos e não de um só.", argumentou Dr. Junqueira. "Estes dois núcleos serão as duas estrelas que organizarão a matéria em volta de maneira bem mais simples de se imaginar do que se for um núcleo apenas", explicou pacientemente. "Se você tem um único núcleo fica difícil explicar a rotação, a formação de um plano preferencial, a distância dos planetas - e a própria existência dos planetas".
Ou seja, não tinha sido um choque de duas estrelas passeando por aí. Era o contrário. Uma nuvem de matéria começa a colapsar, gera dois pontos de acúmulo de matéria e... o resto a gente simularia no computador.
Foi desconcertante perceber que a visão de Dr. Junqueira superava tão facilmente meus argumentos. E fazia todo o sentido! E com uma explicação muito mais simples do que as teorias que se sucederam antes dele tentando explicar como nosso Sistema Solar tinha surgido.
Eu não me renderia assim tão fácil. E nas semanas seguintes fui descobrindo a beleza da idéia toda.