sábado, 3 de novembro de 2012

A Lei de Titius-Bode

O método científico é centrado na experimentação. Fazemos experiências, observamos os resultados e confirmamos ou refutamos uma hipótese. É isto que opõe e complementa ciência e religião. Esta última substitui experiência e observação por intuição, fé e esperança. Mas estas duas formas de conhecimento tem o mesmo objetivo: entender melhor o que é o Universo e o nosso papel nele.
Podemos usar o método científico para muitas coisas na natureza. Podemos experimentar com corpos em queda livre para entender a gravidade. Podemos testar o efeito de drogas em organismos para entender bioquímica. Podemos isolar espécies e analisar cruzamentos para entender genética. O conhecimento científico moderno deve muito a estes experimentos.
Mas não podemos experimentar com o Cosmos. Não dá para manipular planetas, estrelas ou galáxias para ver como se comportam em laboratório. Podemos apenas observar. E observar de um ponto de referência em movimento, num canto de uma galáxia, de um planeta que chamamos de Terra. E para tornar tudo ainda mais desafiador, processos cosmológicos (salvo raras exceções) se desenvolvem lentamente, por períodos que transcendem nossa própria civilização em ordens de grandeza.
Diante de tantas dificuldades, apenas a fome de conhecimento da humanidade garante tantas descobertas sobre o Cosmos. Observar o cosmos é essencial para a aplicação do método científico a esta importante área do conhecimento que é entender o Universo como um todo.
Mas este trabalho incessante de tantos grandes cientistas por séculos nem sempre é perfeito, pelo contrário. Muitas hipóteses que mereciam ser estudadas são abandonadas sem uma explicação, sem uma conclusão. Parece que a academia voltou-se ao complexo e foi abandonando algumas das observações mais simples para o esquecimento. É o caso da Lei de Titius-Bode. Citada pela primeira vez em 1715, surpreendeu toda a comunidade científica por séculos até cair no esquecimento e ser arquivada entre outras curiosidades do passado. É incrível que isto tenha acontecido. Pois justamente esta Lei indica algo importante sobre nosso Sistema Solar.
Mas se a chamamos de “Lei” não significa que tenha sido considerada uma verdade. O termo “Lei” aqui se refere apenas a constatação de que há uma lei aproximada que rege a distância dos planetas ao Sol. Porque é assim, a academia não explica. E prefere tratar apenas como uma coincidência.
A Lei de Titius-Bode mostra que a distância média dos planetas ao Sol segue uma progressão geométrica. A precisão é muito boa entre a série calculada e os dados reais. Mesmo para os corpos desconhecidos na época que a série foi descoberta. Ceres e Netuno se encaixaram na série perfeitamente. Netuno não encaixa mas Plutão e outros planetas-anão sim.
A distância dos planetas ao Sol poderia ser qualquer. Poderiam estar igualmente espaçados. Ou agrupados em conjuntos. A probabilidade ao acaso de haver uma lei de distâncias como esta é, literalmente, astronomicamente muito baixa. Deve dizer algo sobre o Sistema Solar, assim como a distância percorrida por um corpo em queda livre diz algo sobre a gravidade. E este exemplo da gravidade é interessante: primeiro se observou que os corpos caíam a velocidade crescentes, depois que havia uma aceleração constante e finalmente - muito tempo depois - Isaac Newton explica a origem desta aceleração. Pronto, estava descoberto a Lei da Gravidade. Mas ninguém parece ter conseguido explicar os motivos desta série. Então decide-se arquivá-la. Chocante a natureza humana que transparece por trás da Ciência, que deveria ser absolutamente neutra, intelectual e canônica. Quantas outras importantes observações foram rejeitadas quando a academia não foi capaz de entendê-las? Que falta faz Galileu ou Newton nos tempos de hoje.
Mas há uma explicação. Há uma ligação desta distribuição peculiar de planetas em torno de nosso Sol à formação do sistema solar. Mas aceitá-la nos remete a outras idéias igualmente refutadas pelo mesmo motivo da Lei de Titius-Bode ter virado apenas uma curiosidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário